ECLIPSES
Dá-se o
nome de eclipse ao desaparecimento
total ou parcial de um astro pela interposição de outro corpo entre esse astro
e o observador ou entre esse astro e o Sol que o ilumina. Além dos eclipses do
Sol e da Lua, também se observam os eclipses de alguns satélites dos planetas
(como no caso de Júpiter e de Saturno) e dos satélites artificiais pela sombra
da Terra. Reserva-se a palavra ocultação para
designar o desaparecimento de uma estrela ou de um planeta por detrás do disco
lunar.
Vamos apenas abordar os eclipses
do Sol. Para um
observador terrestre, os diâmetros aparentes do Sol e da Lua são
aproximadamente iguais (cerca de 30'). Deste modo, quando a Lua, no seu
movimento em torno da Terra, passa em frente do Sol, ela pode ocultá-lo, total
ou parcialmente, durante uns breves instantes: diz-se então que há eclipse do
Sol para esse observador terrestre. Este fenómeno só tem lugar quando a Lua, em
conjunção com o Sol (Lua nova), se encontra num dos nodos da sua órbita, ou nas
suas proximidades. Se, além disso, a Lua estiver mais perto da Terra, a
extremidade do cone de sombra do disco lunar alcança a superfície da Terra,
produzindo sobre ela uma sombra com o diâmetro máximo de cerca de 250 km (zona
de totalidade) e se propaga com uma velocidade de 200 km/h, de ocidente para
oriente. Um observador situado no interior do cone de sombra observa, assim, um
eclipse total. Quando a Lua se encontra mais afastada da Terra, o seu diâmetro
aparente é inferior ao do Sol e então a extremidade do cone de sombra não
alcança a Terra, dando lugar a um eclipse anular (vê-se um aro do disco solar
em torno da Lua). Dum e doutro lado da zona de totalidade, até uma certa
distância, dá-se um eclipse parcial,
em que a Lua morde o disco solar sem o ocultar completamente. A grandeza dum
eclipse parcial é tanto maior quanto mais próximo se encontrar da zona de
totalidade. O máximo de duração de um eclipse total do Sol é de 7 minutos e 30
segundos e o de um anular é de 12 minutos e 30 segundos; mas, normalmente, estes
valores são sempre muito inferiores.
Os eclipses totais do Sol só são observados
numa determinada região com longos intervalos de tempo. Assim, o último eclipse
total observado na Península Ibérica foi o de 17 de Abril de 1912, cuja zona de
totalidade entrou a sul do Porto e saiu a leste de Gijon (Espanha). O próximo a
ser observado na Península Ibérica (mas não em Portugal) será o de 12 de Agosto
de 2026; depois desse, os povos peninsulares terão de esperar pelo século
XXIII. Na região de Lisboa, desde a fundação da nacionalidade, apenas foram
observados sete eclipses totais do Sol: 3 de Junho de 1293, 16 de Maio de 1379,
7 de Junho de 1415, 16 de Março de 1485, 21 de Agosto de 1560, 10 de Julho de
1600 e 8 de Julho de 1842.
Os
eclipses reproduzem-se com uma certa periodicidade. Como o plano da órbita da
Lua não conserva uma direcção fixa no espaço, a linha dos nodos retrograda
sobre a eclíptica e passadas 223 lunações volta à mesma posição. Esse facto, já
conhecido dos caldeus, deu origem ao ciclo
de Saros, com a duração de 6585,32 dias (18 anos 11 dias e 8 horas),
passados os quais os eclipses se repetem nas mesmas condições. Num ciclo de
Saros há, em média, 86 eclipses: 43 do Sol e 43 da Lua. Num ano há, no máximo,
7 eclipses: 5 ou 4 do Sol e 2 ou 3 da Lua; há, no mínimo, 4, dois do Sol e dois
penumbrais da Lua.
Antigamente, o interesse científico dos
eclipses residia, em especial, na verificação das tábuas dos movimentos do Sol
e da Lua, dadas pelo cálculo. Mais tarde, esse interesse passou a incidir, no
caso dos eclipses do Sol, sobre a observação dos astros que se encontram muito
perto do Sol (planetas e cometas), no estudo da coroa solar, da cromosfera e
das protuberâncias, que só podiam ser observadas e estudadas durante os breves
minutos da totalidade. Felizmente, o coronógrafo de Lyot permitiu obstar a esse
inconveniente. São numerosos e muito importantes os ensinamentos que se podem
colher do estudo dos eclipses do Sol, quer no que se refere à física terrestre,
quer à solar; destaca-se, em particular, o da curvatura do espaço-tempo,
previsto por Einstein em 1915, na sua teoria da relatividade geral e observado
no eclipse total do Sol de 29 de Maio de 1919.
No caso
do eclipse anular do Sol, em 20 de Maio de 2012, a fase anular, com uma largura
de 240 a 300 km, como às 22h 06m TU no Sul da China, atravessa o Japão,
percorre todo o Oceano Pacífico Norte e entra na América do Norte pela
Califórnia. Continuando o seu percurso em território americano, vai terminar no
Texas às 1h 26m TU do dia 21 (Ter em conta a Linha de Mudança de Data, que é
atravessada).
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