segunda-feira, 25 de março de 2013


O TEMPO E A SUA MEDIDA

 

Desde que o homem, nas mais remotas idades da história, começou a medir o tempo, utilizou sempre duas unidades naturais que ainda hoje, embora tenham perdido parte do seu valor metrológico, continuam a ter extraordinária importanância e, seguramente, continuarão a tê-la pelos séculos fora, dada a sua capital influência sobre toda a actividade humana. São estas medidas naturais: o dia e o ano. A primeira é o intervalo de tempoque regula a sucessão dos dias e das noites; a segundo, o ano, regula a sequência das estações.

Inicialmente, o homem utilizavaapenas estas unidades para contar o tempo, sem ter a preocupação de recorrer a outras, maiores ou menores, isto é, sem utilizar os múltiplos nem introduzir qualquer divisão das mesmas, excepto aquela, também natural, de dividir o dia em duas partes, o dia propriamente dito e a noite.

As duas unidades, dia e ano, são evidentemente determinadas por fenómenos astronómicoa. A primeira é uma consequência do movimento aparente do Sol, juntamente com a esfera celeste, em torno do que chamamos o eixo do mundo: movimento aparente devido, na realidade, ao movimento de rotação da Terra em torno do seu eixo. A segunda, o ano, é determinada pelo deslocamento do Sol na esfera celeste em relação às estrelas, deslocamento devido, na verdade, ao movimento de translação da Terra  em torno do Sol e em vista do qual os dias e as noites não têm sempre a mesma duração, nem os raios solares chegam sempre às diferentes regiões da Terra com a mesma inclinação.

Mas, à medida que a sociedade humana se foi aperfeiçoando, as relações sociais foram crescendo e, em geral, se foi desenvolvendo a civilização e a ciência; o homem viu-se então obrigado a procurar medidas de tempo de duração inferior ao dia, a substituir medidas de duração variável por outras mais constantes, a idealizar aparelhos para medir o tempo nessas unidades e a definir concretamente qual o seu valor num determinado instante. Mas em todas estas sucessivas etapas nunca perdeu de vista a origem astronómica da unidade de tempo.

Como as actividades ordinárias do homem primitivo estavam inteiramente dependentes da luz solar, é natural supor que tenha sido o intervalo de tempo entre o nascimento e o ocaso do Sol a primeira medida de tempo por ele utilizada. Cada um dos dois períodos, luz e escuridão, acabou por ser dividida em 12 horas temporárias, iniciadas, respectivamente, ao nascer e ao pôr-do-sol. Ao verificar mais tarde que as trevas não eram, como se julgavam, uma entidade objectiva e que o nascimento e o ocaso dos astros eram devidos à rotação da Terra e que esta era praticamente constante, passou ela então a ser a base de toda a medida de tempo.

Mas o tempo solar verdadediro continua a não ser uma medida uniforme de tempo. Isso resulta da não uniformidade do movimento do Sol em ascensão recta, proveniente da inclinação da órbita do Sol sobre a eclíptica e do facto de não ser constante a sua velocidade angular. Para se ter uma medida constante do dia, imaginou-se um sol médio fictício movendo-se ao longo do equador, no sentido directo, com movimento uniforme e demorando o mesmo tempo que o Sol verdadeiro leva a percorrer a eclíptica. À diferença entre os ângulos horários dos dois astros dá-se o nome de equação do tempo.

A substituição de tempo verdadeiro pelo tempo médio iniciou-se em fins de do século XVIII. Reconheceu-se em seguida que a reforma adoptada não era suficiente, pois quer o tempo solar verdadeiro quer o tempo solar médio são tempos locais: apenas os lugares situados no mesmo meridiano possuem tempos iguais. Assim, com o desenvolvimento das comunicações, cedo se constatou a necessidade de unificar a hora para um país inteiro. Esta hora única, fixada por lei, e por essa razão chamada hora legal, era geralmente baseada na hora do observatório principal do país. Em Inglaterra, a hora legal adoptada era a do tempo médio do Observatório de Greenwich; em Espanha a do Observatório de S. Fernando; em Portugal, a do Observatório da Tapada.

Uniformizada a hora nos diferentes países, restava agora proceder à sua unificação em toda a Terra, dado o notável incremento entretanto tomado pelas comunicações internacionais. Para este efeito, a Conferência do Meridiano, realizada em Washington em 1884, decidiu adoptar um sistema planeado por Stanford Fleming alguns anos antes. De acordo com este sistema, a Terra foi dividida em 24 fusos horários, cada um deles com a extensão de 15º em longitude e uma hora única correspondente à do seu meridiano central. O meridiano origem é o meridiano de Greenwich e o primeiro fuso estende-se 7º 30′ em longitude para cada um dos lados desse meridiano. Ao tempo correspondente ao meridiano origem (Greenwich) dá-se o nome de Tempo Universal.

          Ainda antes do aparecimento dos relógios de quartzo e dos padrões atómicos, que puseram em evidência, de maneira bem clara, a existência de irregularidades na rotação da Terra, já os astrónomos haviam descoberto discrepâncias entre as posições observadas do Sol, da Lua e dos planetas e as calculadas pelas fórmulas da mecânica celeste. Essas discrepâncias só poderiam ser atribuídas ao facto de o tempo utilizado  em tais fórmulas, deduzido do movimento de rotação da Terra, não ser rigorosamente constante. Por esse motivo, a União Astronómica Internacional decidiu introduzir em 1955 uma nova noção de tempo, o Tempo das Efemérides, baseado no movimento de translação da Terra em torno do Sol que, para um observador terrestre, se traduz pelo movimento do Sol entre as estrelas. O segundo das efemérides é uma fracção perfeitamente determinada do ano trópico para 1900.

          Com o advento dos padrões atómicos de frequência, o tempo das efemérides também deixou de satisfazer às precisões exigidas nas medidas de comparação de frequências. Devido a esse facto, os físicos e, em particular, os radiotécnicos propuseram que se substituísse a definição astronómica de segundo por uma melhor definida, mais estável e mais acessível às suas necessidades. Assim, a partir de  1967, o segundo passou a ser definido em função duma transição quântica do átomo de césio 133. Mais recentemente, surgiram outras escalas de tempo, o Tempo Dinâmico Terrestre e o Tempo Dinâmico Baricêntrico, igualmente baseados na definição atómica de tempo e especialmente concebidas para estabelecer a ligação ao tempo das efemérides.





 

segunda-feira, 11 de março de 2013


AS CONSTELAÇÕES

 
          Qualquer que seja a latitude em que nos encontramos, parece sempre que todos os astros se situam à mesma distância de nós, no interior duma esfera a que se deu o nome de abóbada celeste ou simplesmente céu.

          Durante o dia o céu, se não estiver coberto de nuvens, é azul e nós vemos o Sol, o mais brilhante dos astros. Por vezes, além do Sol, vemos também a Lua e muito raramente outros corpos celestes, o planeta Vénus, por exemplo.

          Numa noite sem nuvens vêem-se no céu estrelas, a Lua, plane­tas, nebulosas, por vezes cometas e outros corpos celestes. Quando se observa o céu estelar, a primeira impressão com que se fica é a de existir um número infinito de estrelas e a sua distribuição parece desordenada. Na realidade, as estrelas visíveis a olho nu não são assim tão numerosas, cerca de 6000 em toda a esfera celeste e, portanto, no hemisfério visível, não mais de 3000.

          A posição relativa das estrelas varia muito lentamente. Sem medidas precisas, é impossível apercebemo-nos das modificações que se produzem na disposição das estrelas no decorrer de alguns séculos; em geral, isso só se consegue ao fim de alguns milhares de anos.

          Para permitir a orientação no céu, as estrelas brilhantes foram, desde a Antiguidade, reunidas em grupos chamados constelações. A estes agrupamentos foram dados nomes de animais, de heróis da mitologia grega ou apenas nomes de objectos que essas figuras pareciam representar e que variavam conforme as civilizações.
 
            
           Não sabemos quando é que as constelações apareceram pela primeira vez. Pequenas placas sumérias, que datam de há cerca de 6000 anos, reproduzem o movimento do planeta Vénus e numerosos argumentos fazem-nos pensar que os criadores mais antigos das constelações foram os minoicos, que as imaginaram por volta do ano 2500 a.C., em Creta. Aliás, a mais antiga representação concreta do céu constelado está esculpida num globo que Atlas transporta às costas e que data do século II a.C. Trata-se do «Atlas Farnase», uma estátua de mármore conservada em Nápoles, no Museu de Arqueologia Nacional. Certamente que bastante antes dessas épocas muito recuadas, os homens já tinham uma representação simbólica do céu estrelado sem que, para tal, tivessem encontrado as técnicas que lhes teriam permitido transmitir o ser saber às gerações futuras. Na nos permite afirmar ou infirmar isso, por falta de documentos suficientemente antigos.
 
          A nomenclatura atual exprime-se largamente na mitologia grega. Alguns Desses agrupa­mentos assemelham-se mais ou menos fielmente ao nome que lhes está associado; noutros casos, essa associação é muito difícil de aceitar. A carta do hemisfério norte é baseada na estabeleci­da por Ptolomeu por volta do ano 150 da nossa era, com 48 constelações visíveis de Alexandria. As constelações austrais são bastante mais recentes (séculos XVII e XVIII) e foram, em geral, baptizadas com nomes de aparelhos ou outros, relacionados com as navegações. Algumas ocupam uma superfície considerável, como a Hidra ou a Virgem, outra são minúsculas, como a Flecha ou o Cruzeiro do Sul.

          Durante muito tempo, os limites das constelações mantiveram-se mal definidos, tendo surgido dificuldades quando foi preciso catalogar numerosas estrelas pouco brilhantes, apenas acessíveis à observação telescópica. Por isso, alguns astrónomos tomaram a iniciativa de desenhar novas figuras celestes, interca­lando-as nas antigas. Assim, nos fins do século XIX, contavam-se ao todo 108 constelações, mas os seus limites não eram universal­mente reconhecidos. Para obviar a estes inconvenientes, a União Astronómica Internacional em 1922 decidiu delimitar rigorosamente as constelações por arcos de meridianos e de paralelos perfeita­mente definidos. Desde então, o conjunto do céu está dividido em 88 constelações (conservaram-se as 48 de Ptolomeu), compreendendo cada uma, além do agrupamento de estrelas brilhantes que inicialmente serviram para lhe dar o nome, uma região do céu convencionalmente delimitada.

         Nas nossas latitudes podemos visualizar cerca de 60 constelações, isto é, o conjunto das constelações do hemisfério norte e cerca de um quarto do hemisfério sul. Bem entendido, não podemos observá-las todas ao longo duma noite. Algumas apenas são visíveis no inverno, outras no verão, variando o céu no decorrer da noite e ao longo das estações. Teoricamente, apenas as pessoas que no longo do equador terrestre podem distinguir todas as constelações ao longo do ano. Pelo contrário, os habitantes dos polos apenas veem as constelações do seu hemisfério. 

          No quadro junto estão indicadas as 88 constelações por ordem alfabética dos nomes latinos com que foi decidido designá-las. É igualmente indicado o genitivo do nome latino, utilizado para a designação das estrelas, bem como o nome português geralmente adoptado. As letras N, S e E, colocadas na primeira coluna, significam que o ponto médio da constelação referenciada tem uma declinação superior a +30° (calote polar norte), inferior a  -30° (calote polar sul) ou compreendida entre +30° e -30°. As abreviaturas foram igualmente definidas pela União Astronómica Internacional, para evitar ambiguidades.

          As estrelas mais brilhantes foram inicialmente designadas por um nome recordando a sua posição na figura representativa da constelação. Muitos deles, em geral de origem árabe, ainda hoje se mantêm: Sírio, Altair, Vega, Aldebarã, etc. Em 1603, o astrónomo alemão Johann Bayer teve a ideia de introduzir uma nomenclatura simples e racional, utilizando as letras do alfabeto grego. Em cada constelação, a estrela mais brilhante é designada por a, a seguinte por ß e assim sucessivamente, seguida do genitivo do nome latino da constelação (por exemplo, a Lyrae). Mas, devido à riqueza do céu, esta série esgotou-se depressa para algumas constelações e foi necessário recorrer às letras do alfabeto latino e depois aos números. Esta classificação não corresponde actualmente à realidade, visto certas estrelas terem mudado de brilho. Assim, a estrela mais brilhante da Ursa Maior é e e não a. Do mesmo modo, ß Geminorum (Pollux) é um pouco mais brilhante do que a Geminorum (Castor).

 
 
 
 
 
Nome latino (e terminação
Nome português
Abrev.
 
do genitivo)
 
 
N
Andromeda (-ae)
Andrómeda
And
S
Antlia (-ae)
Máquina Pneumática
Ant
S
Apus (-odis)
Ave-do-paraíso
Aps
E
Aquarius (-ii)
Aquário
Aqr
E
Aquila (-ae)
Águia
Aql
S
Ara (-ae)
Altar
Ara
E
Aries (-tis)      
Carneiro        
Ari
N
Auriga (-ae)         
Cocheiro        
Aur
E
Bootes (-is)    
Boieiro         
Boo
S
Caelum (-i)      
Buril           
Cae
N
Camelopardalis (-)     
Girafa          
Cam
E
Cancer (-cri)
Caranguejo      
Cnc
N
Canes (-um) Venatici (-orum)     
Cães de Caça    
CVn
E
Canis (-) Major (-is)      
Cão Maior       
CMa
E
Canis (-) Minor (-is)        
Cão Menor       
CMi
E
Capricornus (-i)      
Capricórnio     
Cap
S
Carina (-ae)            
Querena         
Car
N
Cassiopeia (-ae)       
Cassiopeia      
Cas
S
Centaurus (-i)
Centauro        
Cen
N
Cepheus (-i)
Cefeu
Cep
S
Cetus (-i)
Baleia
Cet
S
Chamaeleon (-ontis)
Camaleão
Cha
S
Circinus (-i)
Compasso
Cir
S
Columba (-ae)       
Pomba           
Col
E
Coma (-ae) Berenices
Cabeleira de Berenice
Com
S
Corona (-ae) Australis    
Coroa Austral   
CrA
N
Corona (-ae) Borealis    
Coroa Boreal    
CrB
E
Corvus (-i)    
Corvo           
Crv
E
Crater (-is)     
Taça            
Crt
E
Crux (-cis) 
Cruzeiro do Sul   
Cru
E
Delphinus (-i)         
Delfim          
Del
N
Cygnus (-i)
Cisne
Cyg
S
Dorado (-us)   
Dourada         
Dor
N
Draco (-nis)     
Dragão          
Dra
E
Equuleus (-i)      
Cavalinho       
Que
E
Eridanus (-i)
Eridano         
Eri
S
Fornax (-acis)    
Fornalha        
For
E
Gemini (-orum)  
Gémeos          
Gem
S
Grus (-is)
Grou            
Gru
N
Hercules (-is)          
Hércules        
Her
S
Horologium (-ii)      
Relógio         
Hor
E
Hydra (-ae)
Hidra Fêmea     
Hya
S
Hydrus (-i)      
Hidra Macho     
Hyi
S
Indus (-i)     
Índio           
Ind
N
Lacerta (-ae)
Lagartixa
Lac
E
Leo (-nis)
Leäo
Leo
N
Leo (-nis) Minor (-is)
Leão Menor
LMi
E
Lepus (-oris)
Lebre
Lep
E
Libra (-ae)
Balança
Lib
S
Lupus (-i)
Lobo
Lup
N
Lyns (-cis)
Lince
Lyn
N
Lyra (-ae)
Lira
Lyr
S
Mensa (-ae)
Mesa
Men
S
Microscopium (-ii)
Microscópio
Mic
E
Monoceros (-otis)
Unicórnio
Mon
S
Musca (-ae)
Mosca
Mus
S
Norma (-ae)
Régua
Nor
S
Octans (-tis)
Oitante
Oct
E
Ophiuchus (-i)
Ofiúco
Oph
E
Orion (-is)
Orionte
Ori
S
Pavo (-nis)
Pavão
Pav
E
Pegasus (-i)
Pégaso
Peg
N
Perseus (-i)
Perseu
Per
S
Phoenix (-cis)
Fénix
Phe
S
Pictor (-is)
Pintor
Pic
E
Pisces (ium)
Peixes
Psc
S
Piscis (-) Austrinus (-i)
Peixe Austral
PsA
S
Puppis (-)
Popa
Pup
S
Pyxis (-idis)
Bússola
Pyx
S
Reticulum (-i)
Retículo
Ret
E
Sagitta (-ae)
Flecha
Sge
E
Sagittarius (-ii)
Sagitário
Sgr
E
Scorpius (-ii)
Escorpião
Sco
S
Sculptor (-is)
Escultor
Scl
N
Scutun (-i)
Escudo de Sobieski
Sct
N
Serpens (-tis)
Serpente
Ser
E
Sextans (-tis)
Sextante
Sex
E
Taurus (-i)
Touro
Tau
S
Telescopium (-ii)
Telescópio
Tel
N
Triangulum (-i)
Triângulo
Tri
S
Triangulum (-i) Australe (-is)
Triângulo Austral
TrA
S
Tucana (-ae)
Tucano
Tuc
N
Ursa (-ae) Major (-is)
Ursa Maior      
UMa
N
Ursa (-ae) Minor (-is)         
Ursa Menor      
UMi
S
Vela (-orum)              
Vela            
Vel
E
Virgo (-inis)  
Virgem          
Vir
S
Volans (-tis)    
Peixe Voador    
Vol
E
Vulpecula (-ae)      
Raposinha       
Vul
 
 
 
 

Notas: 1. A longa constelação da Serpente foi dividida em duas partes separadas:
                a Cabeça da Serpente  (Serpens Caput) e a Cauda da Serpente (Serpens
                Cauda); mas é errado considerá-la como duas constelações distintas
           2. As constelações da Querena, Popa, Bússola e Vela estavam antigamente e
               agrupadas numa única constelação, a Nau Argo (Argo Navis) de Ptolomeu.

            Ao observarmos o céu mas somos incapazes de distinguir quais os astros que estão mais próximos de nós dos que estão mais afastados. Com efeito, todos eles se projetam sobre um plano fixo e sombrio, formado pelo fundo uniforme do céu e o nosso olho não está suficientemente aperfeiçoado para nos permitir apreender os diferentes planos e as distâncias como ele sabe fazer em pleno dia perante uma paisagem. Esta diferença da nossa visão impede-nos de tomar consciência da realidade a três dimensões.
         
          Ora, as diferenças de afastamento dos astros são enormes. Enquanto a Lua está apenas a uma distância média de 384 400 km, o Sol está 400 vezes mais afastado e Saturno, o último planeta visível a olho nu, está situado a 1429,4 milhões de km. Mas estas distâncias não são nada comparadas às que nos separam das estrelas. Assim, a estrela mais próxima de nós depois do Sol, a Proxima Centauri, encontra-se a uma distância de 4,2 anos-luz (1 ano-luz = 149,6 milhões de km), enquanto a Estrala Polar se encontra a 680 anos-luz, ao passo que Deneb (da constelação do Cisne) está cerca de três vezes mais afastada. Se analisarmos o caso de Castor e Pólux (Gémeos), que aparentemente nos parecem muito próximas, a diferença de profundidade celeste entre elas é de 10 anos-luz.

           Podemos assim concluir que o aspeto das constelações, tal e qual como as vemos a partir da Terra, é apenas um efeito de perspetiva e não têm nada a ver com o que passa na realidade a três dimensões. Se imaginarmos um observador situado em Saturno a contemplar a abóbada celeste, certamente que ele verá o conjunto das estrelas que para nós, terrestres, formam uma determinada constelação com um aspeto bastante diferente. Se passarmos para um habitante num planeta a orbitar em torno de uma determinada estrela então nem sequer podemos imaginar o aspeto apresentado por esse mesmo conjunto de estrelas e, certamente, projetar-se-ão na abóbada celeste bastante afastadas umas das outras.